Medicina Preventiva como aliada da saúde suplementar no Brasil
Por Irlau Machado
Foco na saúde e não na doença. Este é o mantra no qual se apoiam os programas de Medicina Preventiva que, nos últimos anos, vem ganhando mais força no planejamento estratégico de toda a cadeia de saúde do Brasil. A medicina preventiva é a especialidade dedicada a ajudar nesta tarefa de prevenir doenças ou reduzir sintomas, aumentando a qualidade de vida das pessoas. Esta especialidade pressupõe antecipar tendências e frear o desenvolvimento de complicações. E isso se faz com exames e acompanhamento.
Pensar em cuidados preventivos não é exclusividade do Brasil. O tema é relevante em nível global tanto é que, em outubro deste ano, o Cazaquistão vai sediar a “Conferência Global sobre Atenção Primária à Saúde (APS)”, com a presença de líderes governamentais e especialistas da saúde de todo o mundo para debaterem o assunto. No Brasil, ainda estamos em um estágio bem inicial deste debate.
Mas, por que investir em uma especialidade da medicina que previne doenças diante de todas as tecnologias e procedimentos terapêuticos atuais? A resposta não poderia ser mais simples: a medicina preventiva ajuda a evitar procedimentos invasivos, internações, custos e é um método bem mais eficaz. E a APS pressupõe olhar para o indivíduo de uma forma abrangente e longitudinal, ou seja, cuidando das pessoas ao longo da vida e em todas as idades.
A medicina preventiva é dividida em quatro fases: prevenção primária, na qual o objetivo é evitar a doença; prevenção secundária, quando o paciente é diagnosticado com a doença e quer impedir que ela avance; prevenção terciária, em que são escolhidos métodos para diminuir os sintomas; e, por fim, prevenção quaternária, para utilizar procedimentos menos invasivos e evitar efeitos desnecessários sobre a saúde do paciente.
O trabalho de prevenção com foco na saúde tem uma implantação que requer um grande esforço de reeducação e desconstrução do significado de cuidar da saúde. Para conseguir que isso seja mais presente na sociedade, o primeiro passo é incentivar os hábitos mais saudáveis e, assim, evitar doenças provenientes de algumas práticas e vícios que podem ser corrigidos. Outra questão é ampliar o debate em torno do cuidado compartilhado entre a classe médica. Isso significa quebrar o paradigma de que apenas um médico é responsável pelo paciente.
Como o grupo pioneiro em Medicina Preventiva no Brasil, tivemos diversos aprendizados ao longo dos anos e hoje colhemos resultados expressivos.
O Programa de Assistência ao Idoso (PAI) é um ótimo exemplo: com acompanhamento adequado, cuidado intensivo e o objetivo de estimular um envelhecimento saudável, reduzimos em 65% as internações de nosso grupo de controle. O projeto é formado por multiprofissionais que, em rede, podem gerenciar as informações de cada paciente em tempo real e promover um atendimento mais eficiente e personalizado.
Já o Programa de Gestação Segura (PGS) promove a cultura do parto natural e monitora a saúde da gestante e gerou aumento de 30% de consultas em pré-natal e ainda diminuiu 40% a taxa de partos prematuros.
Entretanto, nem sempre o objetivo é a prevenção. Quando o caso não tem cura ou se trata de uma doença crônica, a responsabilidade é cuidar do paciente de forma a reduzir as limitações e aumentar a qualidade de vida. Nestes casos, é importante promover treinamentos para que haja cada vez mais pessoas preparadas para esse tipo de atendimento. A prova de que essas ações dão resultados é o programa CASE (Casos de Alta Complexidade), no qual as internações de pacientes oncológicos despencaram 49%, monitorando e fazendo ajustes em medicação, por exemplo.
Ainda há muito trabalho a ser feito para mudar a forma como a prevenção e os cuidados intensivos são vistos na sociedade brasileira. Nossa responsabilidade é buscar soluções para mostrar às pessoas que que tão importante quanto o tratamento é cuidar da prevenção.