O problema não está só no peso das mochilas. O formato e a forma de utilizar também podem impactar negativamente na saúde das crianças. As que estão em idade escolar estão numa fase de crescimento, quando muitos dos problemas posturais aparecem.

A mochila, quando carregada nas costas, deve ter alças largas, almofadadas e ajustáveis ao corpo da criança. Para distribuir melhor o peso é preciso que a mochila tenha um cinto ajustável na cintura. Além disso, também deve ter almofadas nos pontos de contato com as costas da criança.

O tamanho da mochila também é importante: ela precisa ser do mesmo tamanho das costas da criança. Quando colocada, deve ficar com a parte superior logo abaixo do pescoço, com a parte inferior no nível na cintura, distribuindo o peso pelo corpo e não podendo ser carregada apenas num ombro.

Caso a criança ande muito a pé, o recomendado é que a mochila tenha rodinhas. Mesmo nesse caso, é preciso ter atenção com relação ao cabo que puxa a mochila, que precisa ficar num ângulo de 30 graus com relação ao braço da criança.

Caso as recomendações acima não sejam seguidas, há implicações imediatas na saúde das crianças e jovens. Em curto prazo, surgem as dores de costas e de pescoço; no médio prazo, ocorre uma alteração da marcha e postura; e, no longo prazo, podem surgir lesões degenerativas da coluna que alteram o crescimento do corpo.

As mochilas escolares pesadas podem resultar numa série de disfunções ortopédicas. A hiperlordose é uma delas: o problema se caracteriza pelo aumento da curvatura localizada próximo à base da coluna e acontece em razão de os glúteos ficarem empinados durante muito tempo, como forma de equilibrar a tração provocada pela carga. Os sintomas principais da hiperlordose são as dores nas pernas.

A hipercifose também pode ocorrer, que é quando ocorre o aumento da curvatura no meio das costas. Nesta condição, os ombros e o pescoço passam a ficar inclinados para frente, causando uma pequena corcunda.

Um costume comum, o de utilizar a mochila com apenas uma das alças, eleva o risco de escoliose. Isso porque a má distribuição do peso sobrecarrega um dos lados da coluna e prejudica a simetria dos ombros, levando a dores na região, ombros e pernas.

Por fim, o transporte de mochilas excessivamente pesadas pode causar hérnias de disco. Os discos são como “amortecedores”, localizados entre as vértebras, que podem sair do lugar e passar a comprimir a medula. Nesta condição, as dores agudas localizadas são o principal sintoma e, em alguns casos, pode ser recomendada a intervenção cirúrgica.